terça-feira, 21 de maio de 2013

Violência durante a Virada provoca crise entre PM e Prefeitura de São Paulo

20/05/13

Violência durante a Virada provoca crise entre PM e Prefeitura de São Paulo

Os episódios de violência na Virada Cultural --furtos, roubos, arrastões e brigas-- provocaram uma crise entre a Polícia Militar e a Prefeitura de São Paulo.

Sem acordo prévio com a organização da Virada, a PM anunciou que daria uma entrevista ao meio-dia deste domingo (19), no escritório central do evento, na avenida São João. Ao tomar conhecimento da iniciativa da polícia, a prefeitura iniciou negociações que caminham para se consolidar numa coletiva conjunta, em horário ainda a ser definido. O teor do que será dito é motivo de intensas negociações.

Representantes da organização do evento disseram ter recebido, ao longo da madrugada, relatos de uma suposta inércia de policiais militares diante de atos de violência. Procurada, a Prefeitura de São Paulo não comentou o caso. Segundo esses representantes ouvidos pela Folha, a atitude da polícia visaria comprometer um evento-vitrine da gestão petista --embora tenha sido criado na administração do tucano José Serra, em 2005.

A decisão na Secretaria de Cultura do município é não comentar essa versão para não abrir uma crise institucional, ao mesmo tempo em que trabalha para apurar se ela é procedente, segundo a Folha apurou com pessoas próximas à gestão municipal.

O clima ficou tenso no escritório da Virada Cultural. Os jornalistas presentes foram convidados a se posicionar na antessala do escritório do Comando, para ouvir o tenente-coronel Marcelo da Silva Pignatari, o comandante da operação. A PM, no entanto, acabou cancelando a entrevista.

Enquanto representantes de diversos órgãos de imprensa aguardavam, a poucos metros, Pignatari falava ao celular. A Folha entreouviu a frase "Tudo sobra para nós". Antes de desligar, o tenente-coronel informou ao seu interlocutor que os jornalistas o esperavam e que ele iria falar.

Em seguida, o comandante observou relatórios, junto com alguns auxiliares. E voltou ao celular.

Os jornalistas seguiram aguardando, até que o tenente-coronel terminou a segunda ligação e anunciou o cancelamento.

Pignatari informou que apenas no fim do dia haverá um encontro com a imprensa do qual participarão "a organização, a guarda, a Prefeitura --todos os órgãos (participantes da Virada), cada um vai falar da sua área".

Segundo o comandante, a decisão de suspender a coletiva se deu porque "o evento está em andamento. Não temos os números fechados". Ele afirmou que "a organização como um todo, da qual faz parte a Polícia Militar, vai consolidar esses dados e vai passar de forma oficial para a imprensa".

No Twitter, Serra disse que o evento está sedo usado para "aparelhamento". "Quando prefeito de São Paulo, em 2005, criei a Virada Cultural, que deu certo e até vem sendo reproduzida em outras cidades do Brasil. Só me preocupa que a Virada Cultural seja usada para aparelhamento político-partidário, o que já começou a acontecer este ano."

O secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, não quis comentar sobre a violência. Segundo ele, os arrastões não atrapalharam o evento. "Foram casos isolados. Aqui [no palco 25 de Março], por exemplo, não senti falta de segurança".

A assessoria da Secretaria de Estado da Segurança Pública nega a existência de crise.

MORTES

Até as 14h do domingo (19), quatro pessoas haviam sido baleadas, cinco esfaqueadas e 25 pessoas presas, de acordo com a secretaria estadual. Ao todo, 3.400 policiais militares trabalham nos locais da Virada.

Na madrugada deste domingo (19), durante a Virada, um homem morreu atingido por um tiro na avenida Rio Branco, segundo a polícia. Elias Martins Morais Neto teria reagido a um assalto e foi atingido na cabeça por volta das 5h. A vítima foi levada à Santa Casa, mas não resistiu.

Um outro homem morreu na Santa Casa, vítima de uma parada cardíaca após ter sofrido uma overdose. Cinco pessoas foram atendidas com ferimentos por armas brancas no pronto-socorro do hospital.

Policiais militares ouvidos pela Folha disseram que foram registrados inúmeros casos de arrastões durante a madrugada. A reportagem flagrou pelo menos onze deles: nas avenidas São João, Ipiranga, Rio Branco e Duque de Caxias, dois na praça da República e outro no viaduto Jaceguai --onde, por volta das 2h30 da madrugada, dezenas de assaltantes desceram a partir da avenida São Luís.

A reportagem esteve entre as 2h e 3h no 3º DP (Campos Elíseos) e constatou pelo menos 15 casos de vítimas.

Policiais militares informaram que pelo menos 15 jovens foram detidos como suspeitos dos arrastões, a maioria deles menores de idade.

Em todos os casos, a descrição é a mesma. Grupos de aproximadamente 50 pessoas passavam abordando os frequentadores da festa e, após agressões, arrancavam à força celulares, carteiras, bonés e blusas.

"Arrancaram meu boné, meu tênis e minha carteira. Me chutaram quando estava caído. Levei um chute no rosto", disse o estudante C., 16, enquanto era atendido na delegacia.

O ajudante de serralheiro Jeferson Silva, 19, foi agredido antes de ter o celular e o boné roubados. "Eles chegam gritando 'olha o bonde' e roubam tudo", disse Silva, roubado quando saía de um dos palcos em direção ao metrô, acompanhado de três amigos. Todos foram roubados.

"Chegavam, arrastavam a gente mesmo, juntavam e e arrancavam tudo, corrente, tênis, carteira", disse o conferente Fabio Viana, 24. "A gente vem para se divertir e acaba sem nada".

Na maioria dos casos, os policiais de plantão nas delegacias orientam a fazer o registro da ocorrência pela internet, pois os crimes são considerados furtos. Porém houve casos de pessoas que foram rendidas por pessoas armadas.

"Pior é que está cheio de PMs nas ruas. É muita gente, impossível evitar", disse um PM à Folha.

RECLAMAÇÕES

Participantes da Virada vítimas de ladrões reclamaram do policiamento. "Os PMs ficam nas viaturas, nas esquinas. Não estão a postos para evitar os roubos. Só nos orientam a fazer o boletim de ocorrência. Na delegacia, querem que a gente registre pela internet", disse Stefani Fernanda, 21, enquanto aguardava por informações no 3º DP.

Ela afirma que foi roubada quando aguardava um ônibus no ponto da avenida São João. "Estavam armados. Pediram o celular e a carteira e eu dei. Roubaram outros que estavam no ponto também", disse ela, que mora no Jaraguá (zona norte).

Nas redes sociais, a falta de segurança também foi alvo de críticas. "Se você não quer ser roubado na Virada Cultural faça o seguinte: não vá", escreveu um usuário do Twitter. "Atenção você que está na Virada Cultural: Pare de ver o Twittter senão vão roubar seu celular", escreveu Gentili na rede social. O humorista se apresentou na abertura do evento na praça da Sé.

Já Marcelo Tas compartilhou notícias sobre a violência também no Twitter.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também foi vítima de furto, chegou a subir no palco no sábado pedir seus pertences de volta.

"Uma pena ver um evento tão legal como a Virada Cultural, que levou o paulistano de volta ao centro, tomado pela violência", lamentou o usuário do Twitter Christiano Panvechi.

COM GIBA BERGAMIM JR., DE SÃO PAULO, E JULIANA GRAGNANI, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Publicado em http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1281305-violencia-durante-a-virada-provoca-crise-entre-pm-e-prefeitura-de-sao-paulo.shtml

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RECURSO DE DEFESA OPERACIONAL

O Recurso de Defesa Operacional foi elaborado por profissionais da área de segurança pública, que são lutadores profissionais de MMA (Mixed Martial Arts), e preencheram uma lacuna entre o conhecimento de uma arte marcial e a aplicabilidade profissional. Com a evolução social e o advento da grande divulgação dos combates de mistos de artes marciais, os profissionais da área de segurança (pública ou privada) cada vez mais ganhavam resistência nas suas ações de controle pessoal, que muitas vezes eram sobrepujadas, por agressores, lutadores ou aventureiros, que ganhavam confiança nas investidas contra os agentes, por muitas vezes aprendiam suas técnicas em simples vídeos colhidos na internet. Daí a necessidade da integração dessas duas áreas profissionais, fornecendo aos agentes um recurso de defesa contra novas investidas e a utilização de “técnicas” como agressão.

Com todos os quadros apresentando uma necessidade de capacitação do profissional de segurança, para sua própria proteção, é que foi criado o recurso, tomando-se em conta as experiências vivenciadas pelos agentes no dia a dia e suas especificidades. O RDO foi criado com o intuito de auxiliar os agentes de segurança no exercício de suas funções, onde a necessidade de intervenção por parte do agente determine a imobilização ou condução de um agressor. As intervenções devem sempre observar três aspectos: Prioridade, Necessidade e Responsabilidade, no primeiro o agente avalia o motivo pelo qual estará executando a sua ação e quais as diretrizes a serem adotadas para o evento, no segundo o agente é obrigado a utilizar as técnicas e os meios necessários e apropriados para garantir a integridade de suas funções e o terceiro é onde o agente explora todo o profissionalismo que lhe cabe, controlando emoções, visando uma melhor execução das técnicas e garantindo os direitos de todos os envolvidos no evento.

O Guarda Municipal e Mestre de Capoeira o Sr. Antônio Augusto de Olinda Santos o juntamente com o Policial Militar e Mestre de Luta Livre o Sr. André Gustavo Félix Fernandes, também lutadores profissionais conhecidos no mundo da luta como "Garra" e "Mau-Mau", através dos seus vastos conhecimentos na área operacional e nas artes marciais, desenvolveram inicialmente grandes trabalhos, na capacitação dos profissionais da área de segurança pública, tanto na Guarda Municipal, quanto na Polícia militar do Rio de Janeiro respectivamente. O objetivo desse dois foi alcançado e com a união com outros profissionais, que também viram a necessidade do agente de segurança, aprender a se proteger mesmo sem o uso de armamento, o RDO foi criado e esse trabalho vem sendo realizados em várias esferas de atuação policial, respeitando sempre o sigilo dos treinamentos.